terça-feira, 13 de janeiro de 2009

"Grampo High-tech": vírus para celular permite escuta clandestina

Dennys M. Antonialli



Velhos conhecidos dos internautas, os vírus agora estão se alastrando para além dos discos rígidos dos computadores. Enquanto, no Brasil, a CPI dos grampos se preocupa com a investigação de escutas telefônicas realizadas clandestinamente, hackers espalhados pelo mundo se dedicam ao desenvolvimento de formas mais sofisticadas de interceptar conversas. A novidade são programas espiões do tipo "cavalo-de-tróia", que podem ser enviados por meio de mensagem de texto (SMS), bastando o número do telefone-alvo. Isso significa que, qualquer telefone, cujo número é conhecido, pode ser grampeado dessa forma.

Os programas espiões podem ser encontrados internet por preços que variam entre 100 e 250 dólares e prometem ser capazes até de acionar o celular do usuário de forma remota. O usuário não detecta a entrada da mensagem com o vírus, que se apodera de todas as informações contidas na memória do aparelho, desde a agenda de contatos, mensagens e chamadas feitas e recebidas. O mais espantoso é que o vírus ainda pode captar conversas, sem que uma ligação esteja sendo feita pelo usuário do aparelho. Como se não bastasse, alguns vírus ainda prometem fazer filmagem remota do ambiente, utilizando a câmera do celular. Uma das grandes preocupações é a utilização do sistema para espionagem industrial e captura de informações confidenciais de empresas. Todavia, há quem veja um lado positivo para a ferramenta: o programa ajudaria a revelar com mais facilidade os casos de infidelidade conjugal, além de auxiliar no cuidado e na segurança dos jovens, já que os pais poderiam passar a ouvir as conversas dos filhos.

A utilização de spywares para grampear conversas não é novidade. Há algum tempo, o governo suíço já considerava desenvolver softwares espiões para monitorar as ligações realizadas pelos funcionários de suas agências que estavam sob investigação. A idéia era fazer com que o grampo atingisse também as comunicações feitas por meio de serviços de VoIP (online), como o Skype, por exemplo, impossíveis de se interceptar pelo grampo comum.

A vulnerabilidade dos aparelhos celulares vem abrindo nichos de mercado. Também já podem ser encontrados agora programas antivírus, como o Phone Crypt, que prometem imunizar o telefone de qualquer tentativa de invasão. Parece que estão se esquecendo que o sigilo das comunicações de dados é tutelado constitucionalmente e sua violação é expressamente vedada. Será esse o mais novo desafio das operadoras de telefonia celular?

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